«Ainda me lembro, como se fosse ontem, quando eu era aquela rapariga pequena que apenas se escondia do mundo, de modo a puder ser ela própria a tempo inteiro, sem pausas e faltas. Ainda me lembro quando chorava às escondidas, para nada e nem ninguém me dizer para não o fazer e até me pedir explicações para o estar a fazer. Ainda me lembro quando todos me troçavam e até me faziam pensar o contrário da minha pessoa, o oposto daquilo que eu era na realidade, deixando-me de um modo tão sensível e frágil a qualquer acontecimento possível. Ainda me lembro quando comecei a juntar forças para lutar contra tudo e todos que se metessem à minha frente e nos meus objectivos de vida. Ainda me lembro quando todos me diziam que nada do que eu acreditava era realidade, era apenas ficção, imaginação, ilusão. Ainda me lembro quando os mandei para um fundo do poço bem grande, de modo a não me chatearem mais a cabeça, metendo-a num atrofio enorme. Ainda me lembro de quem eu era e agora, comparem, eu, hoje em dia. Diferente, mais forte, mais madura, mais fria, ainda com algum medo, mas sem receios e papas na língua. Ainda me lembro, como se fosse ontem.»
Sem comentários:
Enviar um comentário